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CONCURSO MORAR CARIOCA: CONCEITUAÇÃO E PRÁTICA EM URBANIZAÇÃO DE FAVELAS.


PROJETO PREMIADO

morar carioca

FICHA TÉCNICA

Local: Brasil, Rio de Janeiro
Status: concurso
Data do concurso: dezembro 2010
Arquitetura: Augusto Aneas, Felipe de Freitas Moreira, Fernão Morato, Guilherme Gambier Ortenblad, Aline Simões Ollertz Silva, Marina Panzoldo Canhadas, Mayara Rocha Christ
Consultoria: Thaísa Folgosi Froes, Lizete Rubano

POR UM RIO

 

A cidade do Rio de Janeiro lançou um plano para urbanizar todas as favelas do município até 2020. Como resposta para esta demanda através do concurso do programa Morar Carioca, apresentamos estratégias e metodologias. A cidade se faz num processo contínuo. É um produto do tempo. Geologia da sociedade. Cada casa, rua, quadra, cada praça é uma conquista, uma camada que sedimenta o desejo coletivo de estar junto. A cidade é um projeto/ processo coletivo. Não se faz cidade com um gesto, com um movimento único. A cidade é a cultura como domínio do território. Mas a cultura pode ser cruel, segregadora e impositiva. A cidade pode ser a expressão da cultura do privilégio, da exploração, do medo. Cria-se uma cidade que está à margem da cidade formal. Uma cidade que se auto-constrói, pela ingerência, nas sobras do tecido urbano. Cria-se o gueto, a margem, o muro. A favela é a cultura da exclusão evidenciada no território. Superar a favela não é eliminar a favela. É derrubar os muros da intolerância, percorrer suas vielas, sua sinuosidade labiríntica. É reconhecer na ordem da “desordem”, um caminho. Superar a favela não é controlar, a força, a favela. É diluir as diferenças sem minar as peculiaridades. É transformar a cidade imprópria na cidade desejável.

REVER

Não basta olhar a favela, é preciso reconhecê-la. Adentrar suas tramas, relações, vivências, becos,complexidades e dinâmicas. Sem perigo de ódio ou ingênua admiração. A favela é gueto pela evidente precariedade construtiva e urbana. Mas não só por isso. É gueto porque está desassociada a um processo cognitivo que aproxime quem não vive ali. Vista de longe, é reduzida a um mar homogêneo de precariedade.  Tijolos, caixilhos,telhas, caixas d´água. Todos aparentemente iguais. Nos respiros, árvores. A evidência verde que resiste. É preciso identificar essas estruturas de resistência e legitimá-las. Entrelaçar a favela e a cidade num sistema integrado. Pleno em redes de transporte, trabalho, lazer, cultura,escolas, bibliotecas… Equipamentos que abriguem as diversas escalas e ampliem o entendimento de cidade para além dos bairros nobres da Zona Sul. Por um Rio mais livre e democrático.

CONTINUAR PELA CIDADE

Não se tratam de ineditismos, mas de reinterpretações. Um projeto urbano não é uma ação isolada. É uma construção coletiva que se desdobra no território. A legitimidade do projeto urbano depende do quanto a sociedade consegue reconhecê-lo como ideia possível e, principalmente, como desejo de vivência. Ao longo do tempo, diversos projetos e programas introduziram questões preciosas de atuação nas favelas. O “favela-bairro” que agregou na discussão do déficit habitacional o conceito de déficit urbano; a qualidade das arquiteturas no projeto do Complexo do Alemão, a utilização de pré-fabricados nas favelas de Pavão-Pavãozinho, configuram avanços que devem ser assegurados em qualquer projeto que os suceda. Porém, restringir-se a esses avanços é abrir mão de questioná-los. Será que entender a favela como bairro não reforça a idéia de gueto? E se pensássemos em favela-metrópole? De que forma os “novos projetos habitacionais” têm se articulado à cidade? Não se poderia pensar em “habitação-estrutura”, que agencia programas, escalas, acessos, espaços públicos, coletivos, perspectivas, conexões, que supera topografias e agrega qualidade urbana? Um edifício para além do edifício, de uma simples tipologia. Um edifício em que o morar ganha novas dimensões, contribuindo diretamente ao fazer cidade, demandando pesquisas tipológicas e de técnicas construtivas, mas, também, de possíveis espaços abertos às sociabilidades existentes, inventadas e as que estão por vir

TEMAS

- Reconhecimento das estruturas espaciais;
- Legibilidade urbana;
- Relação entre áreas privadas e públicas;
- Escalas : Local, regional e metropolitana;
- Paisagem: olhando de dentro da favela e de fora;
- moradia: geografia-tipologia, estrutura urbana, programas, flexibilidade e diversidade;
- Conexão: acessibilidade local e metropolitana;
- Técnica: infra-estrutura de transporte, redes de abastecimento e saneamento, contenção de encostas, iluminação, coleta de lixo e drenagem.

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